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Publicada em 01 de Maio de 2024 às 13:07

Cannabis vai ao trabalho?

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Carlos Salgado
Carlos Salgado
Alguns hábitos de vida das pessoas de uma grande empresa podem parecer de interesse privado e somente delas. O uso de Cannabis é um deles. Estima-se que haja uma prevalência de uso de Cannabis alguma vez na vida de 17%, entre adultos jovens brasileiros. O uso regular, mais de uma vez ao mês ocorre em 6% dos adultos jovens. Tais números podem parecer irrelevantes, mas considerando certas características da Cannabis, talvez mereçam muita consideração. Um parâmetro fundamental é a deposição de moléculas ativas decorrentes do uso de Cannabis em gorduras corporais e desde tais depósitos, recirculação por quatro semanas, ajudando a entender estilos de funcionamento de pessoas usuárias.
Ademais, a concentração do THC, principal componente químico da Cannabis, tem crescido marcadamente. Era de menos de 2%, antes dos anos 1990. Nos anos 1990, subiu para mais de 4%. Entre 1995 e 2015, houve crescimento de 220%. Pode-se dizer que a Cannabis de hoje em dia é outra droga, quando comparada àquela dos anos 1970 ou 1980. É muito mais potente e mantém a tendência à deposição em gorduras corporais. Então, empresários ou membros de sua equipe que usem Cannabis na privacidade de seus fins de semana ou férias voltam ao ambiente laboral com depósitos significativos de Cannabis, modelando muito do que serão suas decisões e estilo de trabalho.

Em estudos com grandes amostras de usuários sistemáticos, pode-se perceber um perfil geral de desempenho acadêmico, social e laboral abaixo do potencial de cada um. Perversamente, a variável satisfação com sua vida costuma ter elevado índice, indicando felicidade. Temos então adultos com desempenho abaixo do potencial, contentes com suas vidas, entregando resultados que interessam à organização. São pouco acessíveis a desafios de superação.

Talvez caiba as estruturas de avaliação de desempenho e estímulo aos avanços laborais, incluir hábitos de vida dentre as temáticas sensíveis para o melhor resultado de cada empreendimento. Isto porque nós humanos somos muito sensíveis à informação de boa qualidade, livre de juízos de valor, veiculada de forma integrada e palatável, atualizada periodicamente. Isto tem especial valor quando se enfocam hábitos que envolvem satisfação ou prazer, caso do uso de Cannabis. Um exemplo correlato é o dos bons hábitos alimentares que reduzem processos inflamatórios, gratificando o colaborador bem alimentado que adoece menos e performa sempre melhor, resultando um ciclo virtuoso no empreendimento.

A ABEAD - Associação Brasileira de Estudo do Álcool e outras Drogas (https://abead.com.br/) oferece informação de excelente qualidade científica e conexões com muitas fontes com diversos níveis de informação sobre Cannabis e seus impactos na sociedade como um todo. É sim possível garantir que informação de boa qualidade, veiculada entre lideranças empresariais, seus gestores e suas equipes, resulte em melhores resultados para todos, típico negócio em que todos saem ganhando, algo quase mítico de tão raro. Portanto, mãos à obra! A Cannabis está sim no ambiente de trabalho, dando trabalho. Tratemos de nos informar e passar adiante o conhecimento que muda comportamentos.

Psiquiatra

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